quinta-feira, 29 de março de 2012

A importância de esperar!


Hoje vou falar sobre um assunto muito polêmico:  Esperar ou não o bebê dar sinais (trabalho de parto) de que está pronto para nascer?  Fazer uma cesareana, ou até mesmo induzir, dentro de uma gestação tranquila e saudável, deve ser uma opção? A DPP – Data Provável do Parto, diz o quê exatamente? Ela diz exatamente isso! PROVÁVEL, não exata. Não quer dizer que se seu bebê não nasceu até a data “X”,  vai “passar da hora” e ter complicações, ou correr riscos. Gosto muito da frase de uma colega doula: “ O bebê não tem prazo de validade dentro do útero da mãe! Não vai apodrecer ou explodir!”. Palavras sábias. Não se sabe exatamente o mecanismo que desencadeia o início do trabalho de parto, mas sabe- se que o bebê dá o comando ao corpo da mãe.
Um bebê é considerado pós termo, após 42 semanas de gestação, podendo, ocorrer complicações, pois a placenta pode deixar de executar sua função de nutrir e oxigenar este bebê. Mas deixo claro aqui, que não irá necessariamente ocorrer qualquer complicação, ok?! A mãe pode aguardar além disso, se ela e o bebê estiverem bem e fazerem avaliações diariamente, como mostram alguns relatos de mulheres em outros países, e algumas aqui do país. Mas aqui no Brasil, esperar tanto assim, é dificil de acontecer, pois os médicos no SUS induzem o parto com 41 semanas, sem ao menos a mulher estar em trabalho de parto. E na rede privada, o número de cesáreas por conveniência médica e/ou materna,  a cesárea eletiva, vem crescendo em números assustadores, e acontecendo antes das 39 semanas de gestação, colocando em risco a vida da mãe e do bebê. Mas então posso agendar a minha cesárea para quando o bebê estiver com 40 semanas? Não! Óbvio que não, porque simplesmente ele não sinalizou que esta pronto para nascer!
Forçar o bebê a sair do útero, antes do trabalho de parto, além de um desrespeito ao tempo do bebê e, ao processo natural do nascimento, poderá trazer uma ou várias complicações fisiológicas. Não posso deixar de comentar o lado emocional, e a dificuldade do surgimento do vínculo mãe - bebê e da amamentação, tão importantes para a sobrevivência do pequenino e indefeso bebê. Os riscos nos quais me refiro, com a cesárea agendada são: problemas respiratórios, que podem se agravar, e a icterícia severa, que pode estar relacionado com um mal funcinamento do fígado, entre outros.
Respeitar este Ser, que mora dentro do útero materno, é imprencidível, pois este Ser não é um produto do parto, ou qualquer coisa. É uma pessoa, um indivíduo, que precisa de cuidados, que deve ser acolhido e respeitado, principalmente, e em primeiro lugar, pela sua mãe. Um anúncio da ONG Americana, March of Dimes, Instituição empenhada em melhorar a Saúde Materno- infantil, mostra como algumas semanas fazem uma diferença enorme no desenvolvimento do cérebro fetal. Portanto, fica claro que agendar um parto é desrespeitoso à fisiologia e, a individualidade do bebê.
Maternidade é sinônimo de Amor, Carinho e principalmente PACIÊNCIA! Então, pratique desde já a paciência, esperando o seu bebê estar pronto para nascer. E é obvio, que estou falando aqui de gestações saudáveis, onde mãe e bebê não se encontram em risco eminente. Se você está bem, seu bebê está crescendo e desenvolvendo, não há porque se preocupar! Vou colocar aqui as situações nas quais a cesareana se faz necessária, citadas pela obstetra humanista, Melania Amorim:
1) Prolapso de cordão – com dilatação não completa;
2) Descolamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo;
3) Placenta prévia completa (total ou centro-parcial);
4) Apresentação córmica (situação transversa);
5) Ruptura de vasa previa;
6) Herpes genital com lesão ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto.
Então, quando a mulher entra em trabalho de parto, o bebê passa por uma preparação para nascer que começa com as contrações uterinas. Elas funcionam como um alerta para a criança, que passa a liberar substâncias para o amadurecimento final do próprio organismo, como o hormônio corticoide, que age no pulmão. Outro hormônio liberado, um dos principais, é a ocitocina, estudada pelos cientistas, e conhecida hoje como o “hormônio do amor”, que é uma das substâncias responsáveis pela sensação de conexão, confiança e empatia. Como diz Michel Odent, obstetra e cientista, este hormônio nos da a capacidade de amar. Amar a nós mesmos e ao próximo. Quando o bebê passa pelo canal vaginal, os pulmões dele sofrem uma compressão que ajuda a eliminar líquidos e fluídos que possam causar algum desconforto respiratório posterior. Esperar, também, o cordão pulsar alguns minutos, e até parar de pulsar, vai levar um aporte extra de sangue e oxigênio, facilitando a transição respiratório do bebê. O corpo da mãe, que passa pelo processo do parto, estará mais preparado para amamentar graças aos hormônios liberados no trabalho de parto, o “coquetel do amor”. E não só amamentar, mas cuidar e amar.
É por tudo isso que não vale a pena agendar uma cesárea, ou forçar o nascimento do bebê.
Espero que tenham gostado. Até o próximo texto!


Ana Luisa Muñoz Rosa
Mãe, Doula e Nutricionista.

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